O Lobo de Wall Street, 2013.


Martin Scorsese é um dos diretores mais profícuos de Hollywood, com toda a certeza. Não apenas isso - pois de nada adiantaria produzir muito se a maioria das coisas fosse ruim (ou se tornasse ruim após alguns anos de estrada, não é, Steven Spielberg?): Scorsese faz muitos filmes, e muitos filmes que, os mais fracos, já são, no mínimo, bons. Então Martin Scorsese tem filmes bons, ótimos e excelentes - e a cada ano em que alguma obra sua vai estrear, fica a expectativa sobre em qual das três categorias o seu novo filme vai se enquadrar. Sou fã incondicional confesso do trabalho de Scorsese e, aos poucos, tento constituir minha coleção de suas obras. Espero, sinceramente, jamais ver um filme ruim dele. Até agora, Scorsese não me decepcionou!

Seu mais recente filme, O Lobo de Wall Street, é a maior porra-louquice já feita por Scorsese até hoje (maior até do que Vivendo no Limite, de 1999). E o que torna essa Ode às drogas, sexo e pilantragem tão especial e saborosa é saber que ela foi baseada em uma personagem real, o senhor Jordan Belfort, que no fim da década de 1980 se tornou milionário com um esquema ilegal de comercialização de ações na chamada Bolsa do Centavo (aquela em que os não-ricos costumam se arriscar, investindo pouco). A história é essa, aliás: a vida de Jordan Belfort e seus meios de enriquecimento. Seria extremamente maçante assistir a um filme de 3 horas que ficasse mostrando a vida de um dono de uma empresa de comercialização de ações em Wall Street. Porém, aliando a autobiografia de Belfort com o maravilhoso roteiro de Terence Winter (que escreveu Família Soprano) e a fabulosa direção de Martin Scorsese, temos um dos grandes filmes de 2013 (e que não por acaso está concorrendo a todos os grandes prêmios de 2014).

O Lobo de Wall Street é bastante diferente das demais obras de Scorsese no quesito violência física: aqui não há sangue, espancamentos, vingança, nada disso. Sendo uma comédia, a obra abusa de diálogos afiadíssimos e que dá gosto de assistir, pois não insulta a inteligência dos espectadores com piadas sem motivo. Pessoalmente, isso só faz aumentar minha admiração por Scorsese, pois o diretor vem de um excelente filme infantil, o Hugo (2011), e agora se arrisca em uma comédia bastante longa (mas nada cansativa), acertando em ambos! Como dito, acompanhamos a trajetória de Jordan Belfort em todos os seus momentos. E com isso quero dizer realmente todos. Então, se você tem problemas com cenas de sexo, uso de drogas à baciada e palavrões dos mais diversos, esse filme não é para você. Belfort é uma espécie de pastor em sua área (e seus discursos na empresa são justamente o retrato de um sujeito que converte e ganha a confiança dos demais com a lábia) que não fez nada honesto na vida. E não bastando ser ele mesmo desonesto, Jordan Belfort ensina seus amigos e funcionários a como ludibriar os investidores na Bolsa. É impressionante ver como Jordan Belfort foi um cara-de-pau.

E é ainda mais impressionante ver a impressionante (sei que já falei essa palavra duas vezes na mesma frase, mas realmente é impressionante) atuação de Leonardo DiCaprio como Jordan Belfort. Um dos maiores injustiçados da história do Oscar, Leonardo DiCaprio prova mais uma vez (como se precisasse provar mais alguma coisa...) o porquê de ser um dos maiores atores que existem. Torço demais para que ele abocanhe o Oscar de Melhor Ator esse ano, pois ele é a alma do filme. É assustador ver em cena um ator da excelência de DiCaprio fazendo o papel tão difícil de Belfort: ele convence como cara-de-pau, como líder de uma empresa, como bêbado, como drogado... enfim, ele, em nenhum momento, nos faz lembrar que existe alguém interpretando aquele papel. Mesmo que você (por algum milagre) não goste de Martin Scorsese, vale a pena ver o filme só pela atuação impressionante (de novo) de Leonardo DiCaprio.

Martin Scorsese, assim, entrega um filme delicioso. É fascinante ver a experiência de um diretor como ele em cena: a comparação de Belfort com o Popeye, por exemplo, é digna de se tornar referência no mundo cinematográfico. Pessoalmente, gosto mais das obras violentas de Scorsese, mas assistir a'O Lobo de Wall Street me deixa desejoso em aguardar seu próximo filme. Quero ver o Scorsese assim: cada vez mais ousado nas telas. Sem sombra de dúvidas ele se divertiu fazendo O Lobo de Wall Street. É possível notar isso no filme todo. E é possível se divertir junto o filme todo.

Scorsese é um Mestre. Um dos maiores. Um dos melhores.


Alex Martire





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+ comentários + 1 comentários

4 de fevereiro de 2014 às 06:27

será que agora é a vez de Leo?
olha, aquela cena do iate (hip hop hurraaaay, hoooo, heeeey, hoooo) vale o filme todo. hahaha. achei um Scorcese divertidíssimo, Leo um monstro, e até o monte de droga e mulherada uma beleza.

gostei muito.

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