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Frances Ha, 2012.



Eu tenho essa coisinha de ser meio influenciável às vezes. 

Tem gente que funciona na minha vida como uma espécie de guru para certos assuntos, tipo música, e cinema, e livro, e gastronomia, e mais tudo e qualquer coisa. E daí que eu vi num blog de um amiguinho uma nota altíssima pra esse filme, com comentários profundos do tipo ‘fofura, amor, coração’. E fiquei mui interessada e tentei umas treze vezes escolher esse filme no Netflix, até que, finalmente, o assisti numa dessas noites de desespero e calor.

Eu não fazia a mais remota ideia de quem era Greta Gerwig. Pra falar bem a verdade, ainda não sei direito não. A única coisa que eu sei, é que eu a vi pela primeira vez “dançando” no clipe Afterlife do Arcade Fire, e eu passei os cinco minutos e um segundo na frente do youtube em prantos. Bom, se é que vale a informação, Arcade Fire normalmente me faz chorar desde 2005, e Spike Jonze, que dirigiu o clipe, me faz ter sentimentos lacrimosos desde o clipe Praise You do Fatboy Slim até, claro, Onde vivem os monstros (2009), filme para o qual chorei o dia seguinte inteirinho. 
O nível de lágrimas é sempre importante como termômetro para o sucesso da arte na minha vida.

Tá, voltando à Greta.

Ela é roteirista de Frances Ha. Roteirista, e personagem principal. A Frances. Ela não tem nada demais, é bonitinha normal, do tipo a mocinha da casa ao lado, saca? Não tem exatamente muitos dotes dançarinos, ela se chacoalha bem mondrongamente, mas seu papel exige que ela nos convença que pode ser dançarina em uma companhia de dança moderna. Não, ela não convence nem à diretora da companhia, mas convence a gente que, puxa, ela bem podia ter um espaço na companhia porque, né, ela é tão esforçada (e nem vamos entrar no debate que ‘dança moderna’ é algo bem, hum, artístico. Vamos rever o clipe do Fatboy Slim?). 

A Frances/Greta (não vou separar nunca) também é uma mocinha como qualquer outra que a gente conhece/foi. Ela tem essa paixão, e ela tem essa vida real. Ela tem 27 anos, saiu da faculdade e foi morar com a melhor amiga em NY, tem um subemprego e esse namorado falido. Aí tudo começa a desandar, porque a melhor amiga vai se mudar, o namoro termina, o subemprego vai ficando cada vez mais sub e pronto. A vida.

Mas sabe que o filme não é nada demais, né? É só isso. É só isso em preto e branco, que é pra gente ficar pensando o tempo todo em filme francês, de arte. E tem até Paris, a Frances vai pra Paris num momento de loucurinha momentânea. Quem nunca foi pra Paris num fim de semana nesses momentos de loucurinha?

E são 86 minutos. São 86 minutos de filminho em preto e branco, contando a vidinha da Frances/Greta, e tudo de normal que acontece e desacontece ali. E você fica olhando, esperando quando é que o filme vai acontecer. Quando é que a película vai desenrolar, quando tudo vai deixar de ser só uma sequência de coisas normais no dia-a-dia de uma menina bonitinha normal.

Mas aí, meu amigo, quando acontece, quando o ‘plim’ aparece você já tá danado, chorando de boca aberta na frente da tela, segurando Frances/Greta no colo e pedindo pelamordedeus pra entrar pra companhia de dança moderna e sair pulando com Frances/Greta na rua ao som de David Bowie.

“Fofura, amor, coração” são comentários profundos e certeiros pra esse filminho. São 86 minutos de vida normal em preto e branco. De amor em preto e branco. Acho que isso já vale à pena.

Greta Gerwig foi indicada ao Globo de Ouro por esse papel, neste ano (e perdeu pra Amy Adams). Essa menininha bonitinha normal, que dança mal pra caramba, que ama seus amigos... 

Ela VAI te fazer chorar.

Quéroul




 
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