Indie Game: The Movie, 2012.


Nada como ver um documentário sobre jogos!
"Indie Game: the Movie", foi dirigido por Lisanne Pajot e James Swirsky e lançado há cerca de uma semana. Acima de tudo, é um filme sobre sonhos. Sobre como as pessoas lutam por aquilo que desejam, e como reagem diante das consequências/conclusões oriundas daquilo que produziram.

É um documentário que não especificamente é focado num público gamer, pois qualquer pessoa pode se interessar (e se emocionar, por que não?) pelas 4 histórias narradas ao longo do filme, porém, o cerne da audiência são os apaixonados por jogos digitais e que acompanham esses 30 e poucos anos de vídeo-games. Como um dos criadores diz no começo: para quem nasceu de 1975 ou 1980 pra cá, os games não são hobby, não são coisas separadas, um "artigo" que é consumido só em ocasiões específicas: eles estão presentes, eles fazem parte de nossas vidas. Ao menos, no meu caso isso é verdade também: acompanhei a evolução dos jogos desde o fim da Era Atari, e hoje ainda consigo ficar algumas horas por semana jogando os últimos lançamentos - não consigo pensar minha formação pessoal (e profissional) sem os games, e o quanto eles ajudaram (e ajudam) no desenvolvimento criativo.

Porém, o documentário mostra a outra face do mundo dos jogos: a independente, como diz o título. Não estou acostumado a jogar muitos games que não sejam de grandes empresas, como a Ubisoft, EA, Epic, Blizzard, Konami e outras tantas.Adoro esses games novos que se parecem com filmes, mas as poucas experiências que tive com jogos indie foram prazerosas e surpreendentes. Uma vez li num lugar que as grandes indústrias estão matando o mundo dos jogos, pois praticamente mais nada de original surge, são várias e várias continuações de games a cada ano (vide "Call of Duty" ou "Assassin's Creed", por exemplo). A esperança de salvação, então, está com aquelas pessoas que trabalham em suas casas, quase sem recursos, mas com boas ideias na cabeça: é o caso dos produtores entrevistados nesse documentário.

O filme narra 4 trajetórias de criadores independentes. Temos Jonathan Blow, que fez o maravilhoso "Braid"; Edmund McMillen e Tommy Refenes, criadores do "Super Meat Boy"; e o polêmico Phil Fish, criador de "FEZ".Na verdade, "Braid" é mostrado no documentário como a baliza para os outros dois games: lançado em 2008, "Braid" foi um sucesso gigantesco e ainda hoje é referência quando se trata de jogos independentes. A "fórmula" para dar certo? Jonathan Blow diz que o game não posse ser polido demais, perfeito: quem faz isso são grandes companhias - os independentes fazem jogos autorais e mais humanos, os erros fazem parte do processo de criação. E se alguns games como "GTA IV" levaram 4 anos para ficarem prontos com uma equipe de 1000 pessoas, é comum que um jogo indie leve 4 ou mais anos para ser finalizado por 1 ou 2 pessoas, como aponta Phil Fish. 

O caso de "Super Meat Boy" ganha merecidamente um grande destaque no filme: lançado na Xbox Live em 2010, conseguiu bater "Braid" no número de vendas nas primeiras 24 horas. Contudo, o filme seria "técnico" se não fosse os momentos excelentes em que as vidas pessoas dos criadores são narradas. Como Tommy Refenes vai dizer uma hora (sentado sozinho num restaurante): ele sacrificou a vida dele por aquilo. Ficou 4 anos sem praticamente ter contato social, apenas desenvolvendo seu sonho, e mesmo se quisesse, não poderia: o dinheiro sempre foi curto e, como ele brinca, não dava nem pra comprar um carro pra sair com uma garota ou pagar o lanche dela num encontro. O documentário mostra um pouco esse lado triste da vida daqueles que só sabem fazer uma coisa em seus dias, que dedicam sua existência para concretizar algo maior: eles não são "comuns" por que desejam, mas porque não conseguem ser de outro jeito. E até mesmo Edmund, que é casado, fala que enfrenta problemas por conta disso. Sua esposa diz que praticamente só o vê de costas, sentado diante do computador. Apesar de ser colocado em tom engraçado no filme, dá para notar como isso carrega um significado mais profundo para a vida do casal: no entanto, sua esposa o apoia em tudo, e sabe o quanto aquele sonho é importante para o seu marido.

Já "FEZ" é um caso mais complicado: Phil Fish vem trabalhando nesse jogo há quase 5 anos. O game ganhou prêmios antes mesmo de ser lançado recentemente para Xbox. Isso colocou um peso enorme sobre as costas de Phil: ele recebia centenas de emails de gamers cobrando o jogo e, depois de um tempo, o tom mudou de cobrança para descrédito: seu jogo caía no esquecimento. A vida pessoal de Phil Fish foi acabando junto com sua obsessão em terminar o game: perdeu o sócio, perdeu o financiamento inicial do jogo, e perdeu também a namorada. Mas sua luta solitária continuou e, ano passado, apresentou a demonstração jogável de "FEZ" na PAX (Penny Arcade Expo), em Boston. Apesar de diversos problemas técnicos, a obra causou grande interesse por parte dos visitantes. Até o fim das filmagens para o documentário, "FEZ" ainda não havia sido lançado.

"Indie Game: the Movie" não é um filme que faz aquela famosa relação de Games com a Arte: não é preciso fazer isso, acompanhando a vida dos criadores já temos a resposta.

(O filme - com legendas em português - pode ser comprado diretamente em seu site oficial: http://buy.indiegamethemovie.com/ )

Alex Martire


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+ comentários + 2 comentários

19 de junho de 2012 às 04:40

Foi nesse link ai que vc comprou o filme??
:)

19 de junho de 2012 às 07:39

Exactamente ;)

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