Guerra ao Terror, 2008.


Já assisti a esse filme algumas vezes. Ele é um dos melhores filmes de guerra que já vi, e um dos que mais gosto de rever. Para mim, "Guerra ao Terror" entrou para o hall das grandes obras de guerra, ficando lado a lado com "Platoon", "Apocalypse Now" e "Nascido para Matar". Acho que já disse isso antes, mas reafirmo: filmes de guerra bons são os que exploram o lado psicológico dos soldados. "Guerra ao terror" faz isso com maestria.

Dirigido por Kathryn Bigelow, mais conhecida por "ex-mulher do James Cameron", "Guerra ao Terror" desbancou "Avatar" (que é, digamos, algo não muito difícil) e levou o Oscar de Melhor Filme em 2010. Da lista de indicados daquele ano, "Guerra ao Terror" era praticamente um filme desconhecido do grande público e também sofria com o fato de ter sido lançado em setembro de 2008, em Veneza - e nos EUA apenas em março de 2009, data muito longe dos filmes "sensações" que costumam estrear próximos ao Oscar. No Brasil, se não me falha a memória, ele foi lançado em DVD antes do Oscar e depois voltou às salas de cinema quando ganhou o prêmio. "Guerra ao Terror" conseguiu vencer outro forte candidato daquele ano, o fenomenal "Bastardos Inglórios", a redenção de Tarantino após o chatérrimo "À Prova de Morte" (2007). Se Tarantino tivesse ganho, seria com toda a glória possível (desculpem o trocadilho...), mas o prêmio ficou em boas mãos: o "filme menor" sobre a guerra no Iraque levou 6 estatuetas.

Como disse, já o assisti algumas vezes e, para mim, um mérito grandioso de "Guerra ao Terror" é que ele consegue me manter tenso em todas as vezes. Ele todo basicamente é construído sobre esse clima de tensão. Nos primeiros 5 minutos já somos observadores do desarmamento de uma bomba numa praça de Bagdá, com o sargento Thompson (em uma curta aparição de Guy Pearce) colocando sua vida em risco, e fracassando. Com sua morte, somos apresentados ao novo sargento do pelotão Delta anti-bomba, William James (o competente Jeremy Renner). Ele é o porra-louca do filme, o cara que parece não dar valor algum à própria vida (o cartaz acima é ele desarmando um probleminha): ou talvez ela saiba o significado da vida e tenha consciência de que viver no Iraque em guerra é apenas uma contagem regressiva para a morte. Apesar de parecer desleixado diante de seus outros dois companheiros de equipe, James é muito bom no que faz, e coleciona uma caixa com lembranças de todas as bombas que desarmou (mais de 800), e quando o Coronel Reed pergunta qual o melhor jeito de desarmar uma bomba, James responde: "Do jeito em que eu não morra". 

James chega ao esquadrão faltando um pouco mais de 30 dias para o revesamento de soldados, e conta com duas figuras distintas na equipe: Sargento Sanborn e Especialista Eldridge. Sanborn é o sujeito centrado, austero, que quer cumprir as missões dos dias restantes da melhor maneira possível, mantendo todos em segurança. Já Eldridge é aquele cara que sempre está assustado, com medo de que algo de pior aconteça. Ele também é obrigado a conviver com a morte do sargento Thompson ocorrida no começo do filme: como explica para o psicólogo no quartel, se ele tivesse puxado o gatilho e matado o iraquiano que tinha um celular em mãos (e que acabou por detonar a bomba), Thompson estaria vivo agora, mas ele hesitou e isso foi o suficiente para perderem um homem em campo. Seu trauma o acompanha por todo o filme... contudo, é superado na cena da emboscada no meio do deserto, em que se vê diante da mesma situação: ter de atirar em um suspeito para preservar a vida dos colegas. 

O filme todo é feito em contagem regressiva, tendo as missões diárias se tornando mais e mais perigosas de acordo com o restante de dias para saírem do Iraque. A movimentação das câmeras também é um atrativo à parte: não há nada de original nela, mas a opção de, em muitas tomadas, usar a câmera em mãos para acompanhar os soldados dá um toque quase documental a tudo (e é uma técnica que vem sendo bastante utilizada em jogos de videogame como "Call of Duty" ou "Battlefield"). 

Por fim, o filme se encerra de acordo com uma frase que Eldridge diz a James após ser baleado na perna: "você coloca nossas vidas em risco por ter necessidade de adrenalina". Quando James é dispensado e retorna para a mulher e o menino bebê que tem em casa, se vê deslocado do mundo. Ida ao mercado, limpar a calha de casa: nada disso o satisfaz, não é a vida que escolheu para si, não é aquilo que sabe fazer. Então ele resolve voltar ao inferno da guerra, volta ao Iraque com um sorriso no rosto. Algumas pessoas têm necessidade de loucura. E esse é o caso do sargento de primeira classe William James.

Alex Martire



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