Uma Amélia que de Amélia não tem nada!
Este filme eu tirei do fundo do baú, em outras palavras, é um filme que tem mais de 50 anos. Não. Não é um clássico de hollywood, nem um super surrealista, super expressionista (...). É um filme brasileiro produzido pelos estúdios Kino em parceria com a Maristhela, sendo o realizador um sujeito de grande importância, dentre outros, para a história do nosso cinema - Alberto Cavalcanti.
O nome da película é Mulher de Verdade (1954) divertido e até que bem provocativo para época em que foi realizado.
O filme alinha-se em determinados aspectos com os “filmes musicais” produzidos pelos estúdios cinematográficos da época tanto em São Paulo, quanto no Rio, nos quais predominavam o tom cômico, histórias tranquilas, que não “exigiam” tanto do espectador. Devido aos ossos dos meus ofícios há quase dois anos venho estudando outra vertente do cinema, ou como diria o incrível Salles Gomes um outro “ciclo” do cinema brasileiro, por essa razão não tenho muito a dizer sobre essas produções no momento, apenas que: elas não são “obras primas” marcadas por descontinuidades narrativas, estéticas provocativas, modernas e com pretensões revolucionários, e também não são “as mais políticas” dos filmes políticos do cinema nacional, mas merecem o nosso respeito.
Lá vem eu com as minhas pedras novamente.
Que atire a primeira pedra o ser humano pretensiosamente normal ou aquele que vive bem por ai com a suas maluquices e esquisitices que nunca cantarolou ou ouviu alguém cantarolando ?
“Amélia não tinha a menor vaidade (...) às vezes passava fome ao meu lado, e achava bonito não ter o que comer (...)”. E por aí vai.
Então, pois é. Amélia é o nome da protagonista da história de Cavalcanti, uma enfermeira dedicada, espirituosa e bonita. Vou encurtar a história porque ela é um pouco longa. Amélia devido às circunstâncias acabou se casando com dois homens. Sim, eu disse dois. O filme é bem divertido em um primeiro momento Amélia consegue cumprir bem o seu papel de esposa no subúrbio e em um bairro nobre da cidade de São Paulo.
Achei o filme como proposta temática bem interessante porque rompe com vários paradigmas e quem sabe até tabus, mas isso tudo de forma muito tranquila e despretensiosa. Talvez ele sirva de incentivo para algumas moças de nossa contemporaneidade que queiram ter dois amores simultâneos, já conheci casos em que as coisas até que funcionaram – nunca os recriminei. Para todas que quiserem seguir pelos caminhos duplos de Amélia divirtam-se, e aproveitem da forma que ela fez, sem culpas, remorsos e hipócritas moralismos.
Fico por aqui na torcida. Dando um grande apoio moral.
Cleonice Elias
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