Que estranho chamar-se Federico, 2014.




O homenageado é Fellini os presenteados somos nós


Sabe uma dessas experiências que a gente fica rememorando? Torcendo para que a cada rememorada os detalhes não se tornem opacos,  que a nitidez não se desvaneça, pois é, o filme de Ettore Scola,  Que estranho chamar-se Federico,  é uma dessas experiências.
Pela sutileza, pelo humor na dose certa, nem constrangedor, nem antiquado e muito menos desnecessário.

 Um filme ideal para um domingo à tarde, nesse momento em que a cidade de São Paulo passa por umas “pequenas turbulências”, mas turbulências  para o bem e para o mal são que ditam as dinâmicas das grandes ou pequenas metrópoles. Mas muitas delas não podem ficar sob panos quentes. Ando passado por uma fase de otimismo, conhecendo jovens  inteligentes, generosos, e outros adjetivos que andam me enchendo de motivação. 
Continuemos por aí cada um com seus métodos e meios questionando, porque as coisas estão muito longe de estarem perdidas!

Mas voltando para  Que estranho chamar-se Federico,  que tendo a acreditar que agradou os cinéfilos de plantão, pois  Scola explora de forma muito inteligente elementos estéticos e narrativos da sétima arte,  esta nem inferior ou superior as demais.

Com esse filme Scola não presta  apenas  uma homenagem ao seu  amigo Fellini, deixa uma marca na história do Cinema, sei lá, talvez eu  esteja exagerando. Optei antes de escrever este texto não ler as críticas até então já feitas para não ficar acanhada ou até insegura ao expor as minhas  impressões sobre o filme.

A montagem privilegia imagens de arquivos, fotografias,  trechos dos filmes do Fellini e encenações, ora tendendo mais ao “naturalismo” outras ao “teatral”. A fotografia transita entre o nostálgico, mas sempre belo preto e branco,  e o colorido vibrante, que muito remente às cores de Fellini.

Scola conta a história de Fellini de uma maneira bem peculiar, o que está em jogo não é uma linearidade, por mais que  exista a tradicional figura do narrador, sabe o tal sujeito onisciente? Só que na história de Scola ele tem mais privilégios que os demais:  não precisa pagar a conta.

Então, a partir dos recursos estilísticos mencionados   vamos conhecendo as buscas de Fellini tanto na juventude quanto na maturidade, o seu trânsito não apenas pelo mundo das artes, sobretudo,  pela vida “real”.  Nos diálogos  que ficam mais bonitos devido à sonoridade do italiano deparamo-nos com frases  que  mereceriam ser tatuadas.

Acho que nessas buscas de Fellini podemos perceber muitas coisas que estão por aqui fazendo parte de nós, ou até aquelas que podem vir a fazer.

Eu recomendo a experiência.



Cleonice Elias
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