A Viagem, 2012.


A Viagem é um dos grandes filmes que chegaram aos cinemas no fim desse ano (estreando no Brasil dia 11/1) e traz aquela velha discussão sobre as obras dos Irmãos Wachowski (um deles, agora, irmã). Muita gente acha que eles fazem o suprassumo do cinema contemporâneo, com suas obras repletas de filosofia e questões transcendentais. Quando precisam desenvolver suas ideais (e acham que não vai caber em um único filme de quase 3 horas de duração), eles fazem uma trilogia: assim nasceu Matrix, em 1999. E assim eles também assassinaram o filme em 1999, quando resolveram transformá-lo em uma trilogia. Adoro Matrix. De verdade. Acho uma ideia bem legal, mesmo que já tenha sido explorada antes algumas vezes no cinema e na literatura. O filme é excelente e deveria ter acabado nele mesmo, só fazendo-se um. Mas quiseram "dar respostas" e afundaram o barco: Matrix Reloaded e Matrix Revolutions (2003) são duas grandes obras do Cinema que nos ensinam como encher linguiça em dois filmes, esticando-se uma ideia ao máximo, fazendo perder toda a sua essência inicial. 

Felizmente, A Viagem é um filme só (até onde eu sei; e espero!). Os irmãos aprenderam que podem, sim, fazer uma lambança fútil em apenas um filme, sintetizando suas "maravilhosas" ideias que devem agradar aqueles que frequentam as sessões de auto-ajuda das livrarias. Vejam que "maravilhoso": A Viagem conta seis histórias paralelamente, mas que, de algum modo, se cruzam e se complementam. Temos uma aventura nos EUA de meados do século XIX, onde um rapaz aristocrata luta para libertar um escravo negro. Temos uma história de amor entre dois homens no período pós-Segunda Guerra na Escócia, sendo que um deles trabalha com um famoso compositor e, sob sua tutela, acaba por se tornar famoso ao compôr a sua sinfonia "Cloud Atlas" (de onde deriva o nome do filme, mas que não faz sentido algum no contexto da obra). Temos  um futuro muito, muito distante onde uma pesquisadora de outro planeta chega à Terra e ajuda uma tribo a encontrar um novo lar. Temos, em 2012, um grupo de velhinhos liderado por um editor que foge de uma casa de repouso. Temos uma jornalista que, em 1973, descobre uma trama envolvendo poderosos do ramo da energia nuclear. E, por fim, temos, em 2144 na Coreia, uma garota fabricada que lidera uma revolução e se torna uma espécie de deusa para aquele povo que vive no futuro muito, muito distante que já mencionei.

Não tenho nada contra sambas do crioulo doido. Até gosto. Mas o problema é que o filme dos Wachowski é prepotente demais. Quer ser profundo sendo raso. Quer ser inteligente confundindo. Quer se mostrar como algo extremamente filosófico, um "ciclo" do qual, pelo jeito, não podemos fugir nunca, mas se torna maçante. É um filme sobre carma, sobre como tudo está relacionado de acordo com nossas ações (em vidas passadas ou no presente). Aí tiveram a ideia "genial" de usar 6 historietas pra explicar isso (e sem solucionar muito bem, diga-se de passagem). Tudo se tornou um teste de paciência. Mesmo sendo visualmente incrível, A Viagem decepciona por querer ser mais do que realmente é. Por sinal, mais uma vez as "autoridades" que traduzem títulos de filmes aqui no Brasil fizeram um trabalho pífio: o título traduzido não tem sentido algum; seria a mesma coisa de começarmos a chamar filmes como "A História" ou "A Narrativa"... Esse é um filme que precisa ter o título original traduzido, mesmo que, na obra, a sinfonia não tenha importância alguma.

De mérito, apenas as maquiagens, que fazem com que os diversos papéis vividos pelos mesmos atores durante o filme (lembrem-se, o carma) ganhem uma realidade bem grande. E quando o que há de melhor num filme é a maquiagem...

Alex Martire



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+ comentários + 1 comentários

26 de dezembro de 2012 às 17:43

o trailer mais comprido do verão.
acho que os irmãos gastaram muitos créditos com Matrix, filme que, aliás, não curto. e sei lá porque hoje em dia eu tô numa gastura de Tom Hanks, sério...

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