A Invenção de Hugo Cabret, 2011.


É realmente difícil falar do Martin Scorsese. Sou fã de seus filmes, todos eles sempre tão adultos, com diálogos repletos de palavrões e ritmos muito dinâmicos. Então, pela primeira vez, o Scorsese resolve banir esse fator "adulto" de suas obras e filma "A Invenção de Hugo Cabret". A competência de Scorsese já é tão gigantesca que ele pode fazer qualquer coisa que tiver em mente. E o melhor: sempre dará certo.

"Hugo" narra a história do garoto órfão vivido por Asa Butterfield (no qual temos de ficar de olho, tem tudo para ser um grande ator) que habita a Gare du Nord da Paris pós-Primeira Guerra. O menino leva jeito em consertar as coisas e, sorrateiramente, sobrevive ajustando os relógios da estação de trens. Sua vida toma um novo rumo quando descobre o segredo guardado no autômato (um boneco mecanizado), que o liga diretamente a Georges Méliès (esplendidamente interpretado por Ben Kingsley), o famoso cineasta (que na época do filme caiu em esquecimento).

Tudo bem, roteiro simples e com alguns pequenos problemas (a questão do pai de Hugo, por exemplo, fica uma incógnita). Mas o filme não seria tão bom se não fosse dirigido pelo Scorsese. Todos sabem que o diretor, antes de ser um dos melhores na ativa, é um cinéfilo de carteirinha. Ele restaura filmes, faz documentários, enfim, vive para o Cinema. "Hugo" nada mais é do que uma declaração sensível e belíssima a essa Arte de fotografias em movimento. Talvez seja até mais do que isso: é, literalmente, uma aula de cinema, resgatando os primórdios dos filmes, explicando aos espectadores como se deu a invenção dessa magia pela qual sou completamente apaixonado. É realmente de chorar ver as cenas originais dos filmes de Méliès misturadas aos "making ofs" recriados por Scorsese: como diz Méliès, é onde os sonhos são feitos.

"Hugo" pode não ser a obra-prima de Scorsese mas, certamente, é um dos filmes dele que mais me tocou, mais me emocionou. Na briga pelo Oscar desse ano temos, então, dois filmes que declaram seu amor ao Cinema, porém, diferentemente do horrível "O Artista", "Hugo" é mais sincero, menos emulador e mais amante. Se ganhar o Oscar, será mais do que merecido. Recomendado para os que amam o Cinema de coração.

(OBS: Não vi o filme em 3D, mas deu para perceber de antemão como foi planejado desde o início para ser em três dimensões - e que deve ter ficado absolutamente fantástico. Caso eu assista ainda em 3D, volto para mais algumas impressões)

Alex Martire







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+ comentários + 2 comentários

21 de fevereiro de 2012 às 04:48

não sabia que ia ser tão fofo. não tinha lido nada, tinha fugido das resenhas, e me surpreendi com tanta fofura e amor ao cinema. também não vi em 3D, mas foi o filme baixado (hihi) de maior qualidade que eu já vi no meu computadorzinho.

que gracinha de menino, aquele Hugo. e Ben Kingsley tá de beijar a careca!!!

ainda me dá um nervoso ver filmes sobre franceses, ambientado em paris, com a torre brilhando mil vezes, e todo mundo falando inglês. e britânico, ainda. mas tudo bem, é frescurite minha, mas poxa...

fofuríssimo, Scorcese é um bom velhinho fofo pa nóis tudo!

21 de fevereiro de 2012 às 06:27

Esse ano as coisas se inverteram, não? Franceses declarando amor ao cinema de Hollywood e americanos apaixonados pelo cinema da França.

O "Hugo" me fez ir atrás dos curtas do Méliès, estou adorando!

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