Medianeras - Buenos Aires na Era do Amor Virtual, 2011.


"Medianeras" tem sabor de chocolate quente. Existem filmes deliciosos que deixam em minha boca sabores aconchegantes: esse é o caso da obra de Gustavo Taretto.

Conseguiu me fisgar com uns 20 ou 30 segundos de seu início. Somos "apresentados" a Buenos Aires ou, mais precisamente, à paisagem urbana da capital argentina. De modo inteligente, o voice over de Martín analisa os prédios, sua arquitetura diferente e como o espaço é normativo na vida de seus habitantes. É sempre um ambiente onde o sol quase nunca chega, vivem em sombras, tal como o coração dos protagonistas principais, Martín e Mariana. Ambos vivem conectados ao mundo graças à internet, mas, ao mesmo tempo, estão isolados da sociedade e, pior, de si mesmos: os dois tiveram desilusões amorosas e agora se encontram vivendo sozinhos em seus apartamentos (em prédios vizinhos), sofrendo com a falta de claridade em suas vidas e cômodos, afogando-se na rotina depressiva que aquela eterna sensação de se estar rodeado de pessoas e se ver só consegue trazer.

Martín coleciona bonecos de ação e miniaturas de heróis. Mariana coleciona os manequins com os quais trabalha sendo vitrinista. Os dois têm suas dificuldades em conviver, têm fobias que atrapalhar o cotidiano. E os dois são viciados em computadores Mac (ou a Apple, pra variar, investiu mais uma vez num filme, para fazer propaganda, como sempre o faz). Num determinado momento, Martín diz que desde que se sentou em frente a um computador há 10 anos parece que jamais se levantou. Somos cada vez mais viciados em tecnologia e isso afeta, sim, o modo como nos comportamos com pessoas quando as vemos pessoalmente.

O filme vai ao encontro de algo que, pessoalmente, não compartilho: a ideia de que a "vida moderna", com sua tecnologia, nos "escraviza", nos torna cada vez mais enclausurados em detrimento da vida "real". Enfim, isso daria uma longa discussão e não é o que importa aqui. Mesmo com o filme batendo nessa tecla (não pude resistir!) negativa, não pude deixar de me encantar com os inteligentíssimos diálogos de "Medianeras": são um show à parte e o uso excelente de voice over é mais um atrativo que me fez cair de amores pela obra de Taretto (adoro filmes assim). Entendi também a mensagem que o filme quis passar ao mostrar Martín e Mariana com seus "casos" que nunca dão em nada: ambos levam seus "encontros" para a cama no dia em que os conhecem, não dando tempo de se ter qualquer relação sentimental mais profunda (então não adianta chorar depois, viu, Mariana?) - seria isso uma metáfora à informatização do mundo, sempre tão rápida e "rasa"? (Novamente, discordo dessa ideia, mas a entendi no contexto do filme).

Por fim, "Medianeras" tem uma montagem incrível e bastante original: dá gosto de ver - o filme passa bem rápido, dinâmico, prendendo a atenção, sem cair no melodrama de filmes românticos chorosos. E o final do filme é um dos melhores que já vi! É engraçado, mágico, perfeito.

Como o filme nos mostra, para algumas doenças somente o amor é a cura. E para aqueles que não têm muita ideia do que assistir no cinema ou em casa, recomendo de pronto: "Medianeras". Nossos irmãos argentinos, mais uma vez, nos mostram como se faz cinema: uma pena que ainda não tenhamos aprendido muito bem por aqui. Maravilhoso!

Alex Martire


Share this article :

+ comentários + 3 comentários

13 de fevereiro de 2012 às 13:06

é muito bacana, mas achei um tantico longo demais. depois eu descobri que ele veio de um curta, aí sosseguei o facho.

e tem Inés Efron, minha deusa. :)

fofurinha de filme.

13 de fevereiro de 2012 às 13:16

Poxa, ele tem 1h28min!haha

Não conheço o trabalho da Inés: vc me recomenda algum filme com ela? =D

13 de fevereiro de 2012 às 13:54

Tem um filminho bobo que só, mas que eu acho um arraso de fofura (bom, se você gostar de um filme-fofura de vez em quando, sijoga): "Amorosa Soledad". Não é nada, roteiro rasinho, mas é tão bonitinho que dá vontade de abraçar.

O mais importante/conhecido com ela é "XXY"; sensível, com algumas falhinhas no meio do roteiro, mas bem bacana.

Ah, e com esses dois, você leva de brinde Ricardo Darín, o muso. ;)

E tem um curtinha com ela, tá no youtube: "Hoje Não Estou", aaai, mas é fofo demais.

Inés é amor, vai por mim. :)

Postar um comentário

 
Support : Creating Website | Johny Template | Mas Template
Copyright © 2011. CineImpressões - All Rights Reserved
Template Created by Creating Website Published by Mas Template
Proudly powered by Blogger