J. Edgar, 2011.


Clint Eastwood é um diretor que, acredito, não tem meio termo: ou você ama, ou odeia. Faço parte da metade que o adora, e acho que é assim porque aprendi a ver as obras do Clint como filmes mais do que como propagandas estadunidenses.

Em "J. Edgar", Eastwood vai se voltar contra os comunistas para contar as raízes e a história do surgimento do FBI na década de 1930, tudo sob a ótica de seu fundador, John Edgar Hoover. Confesso que tinha um pouco de receio de assistir a esse filme por ser uma biografia política: vi recentemente o pavoroso "A Dama de Ferro" e ainda estava sob o trauma de histórias governamentais. Mas eu pensei comigo mesmo: "Se é do Clint, é bom". Ainda bem que segui meu "instinto"!

Gosto bastante de História dos EUA, nunca neguei isso a ninguém. Gosto como ela foi sendo formada, como o seu povo superou diversos obstáculos para, no fim, estabelecer seu imperialismo: é sempre uma história de constante superação, e de empirismo também. Acho que tenho uma tendência a gostar de Impérios, já que me especializo em romanos, então acabei naturalmente pegando gosto pela história estadunidense (obviamente, sem contemplá-la idiotamente). O sobrenome Hoover pra mim, até ver o filme, sempre foi sinônimo de presidência (que foi seguida por Roosevelt): mas assistindo eu acabei ficando bastante interessado na figura de J. Edgar: suas articulações para conseguir estabelecer o FBI são muito interessantes, sem contar que ele instaurou nos EUA todo um sistema de catalogação e investigação científica por parte da polícia (é quase um Holmes estadunidense). Também fica bem trabalhado no filme a questão da propaganda que Hoover fazia de si mesmo: tanto no caso das prisões como - creiam - em histórias em quadrinhos! (ele aparecia nos gibis da época, procurem no Google e acharão). 

Leonardo DiCaprio, por sua vez, dá mais um espetáculo de interpretação. Auxiliado por uma equipe de maquiagem brilhante (que o envelhece uns 40 anos), ele convence a todos no papel de um homem dominado pelos desejos da mãe, que luta para não gaguejar e para esconder sua homossexualidade. Desde "Gilbert Grape" eu vejo o DiCaprio crescer em suas atuações, e o acho um dos melhores atores na atualidade (inclusive no "Titanic" que, apesar de ser odiado por muitas pessoas, eu sou uma das que adoram esse filme). 

Os filmes do Clint Eastwood são sempre uma espécie de reflexo da Direita estadunidense, e isso o segue desde os tempos em que atuava como cowboy nos filmes de bang-bang (tenho mais carinho por esse termo do que por "western"). Mas entendendo que isso é o que ele pensa -  e que também é muito bom ouvir o lado "direitista" para entendermos seus argumentos - seus filmes se tornam pequenas obras-primas, sempre. Acho que "J. Edgar" não seria tão bom se não fosse feito por Eastwood com agora quase 82 anos: é uma biografia de um homem maduro, contando sua juventude para ghost writers: Eastwood está numa posição em que a idade lhe permite mostrar que entende da vida.

E com seus mais de 80 anos Clint Eastwood ainda mostra que é um dos melhores diretores na ativa: "J. Edgar" pode não ser o seu melhor filme, mas certamente não será esquecido. 

Alex Martire


Share this article :

Postar um comentário

 
Support : Creating Website | Johny Template | Mas Template
Copyright © 2011. CineImpressões - All Rights Reserved
Template Created by Creating Website Published by Mas Template
Proudly powered by Blogger