Sete Dias com Marilyn, 2011


"O primeiro amor é um doce desespero".

Quase no fim do filme Dame Sybil (Judi Dench) diz essa frase ao assistente de diretor Colin Clark (Eddie Redmayne). Estão todos no set de filmagem de "O Príncipe Encantado" (1956), observando Marilyn Monroe encenando a tomada final. Colin Clark está melancólico: a Sra. Monroe quebrara seu coração, assim como já fizera diversas vezes com diversos outros homens em sua vida.

Minhas impressões sobre o "Sete dias com Marilyn" começam com duas ressalvas importantes: 1) nunca vi um filme com a Marilyn original; 2) sou homem (sem prepotência nesse termo, deixo claro). Elas afetaram minha visão sobre o filme. Não sei como era a Marilyn verdadeira, como atuou, se era uma boa atriz, se era a "maior estrela do mundo": então só posso me basear no roteiro desse filme e na atuação de Michelle Williams. A segunda ressalva é bem óbvia: estamos diante da loira mais famosa que já existiu, um ícone pop de uma geração e um sex symbol, quase um fetiche masculino. A história é um recorte da viagem de Marilyn à Inglaterra em 1956 para filmar "O Príncipe Encantado", dirigido por Laurence Olivier (Kenneth Branagh). O jovem sonhador e amante do cinema Colin Clark se oferece no estúdio local para trabalhar nas filmagens e acaba ficando encarregado de tomar conta de Marilyn (na época, casada com o  escritor Arthur Miller). Não é preciso muito para que o garoto acabe deixando sua namorada (Emma Watson) de lado e ceda aos encantos da loira. Essa é basicamente a sinopse do filme. Simples? Sim. Mas fascinantemente sustentada por atuações.

Um elenco que tem Kenneth Branagh e Judi Dench já faz valer assistir a qualquer filme. Considero os dois verdadeiros "monstros" do cinema: amo os filmes shakespearianos de Branagh e a Sra Dench já ganhou um Oscar de atriz por meros 8 (eu disse oito) minutos de atuação em "Shakespeare Apaixonado". No caso da Michelle Williams, devo ter visto outros filmes com ela, mas só me lembro de cabeça do "Brokeback Mountain" (esposa do Ennis Del Mar). Confesso que, no começo de "Sete dias...", eu torci o nariz para ela, com um rosto apático e meio sem graça. Mas depois de uns 20 minutos de projeção ela me conquistou. E vem agora outra questão: Fui conquistado pela atuação de Michelle Williams ou pela figura de Marilyn Monroe? Afinal, aqueles lindos olhos azuis, a sua insegurança charmosa, a sua piscadela, o seu modo de sorrir, tudo isso, acredito, pertenceu à Marilyn. E, se foi realmente assim, a Michelle Williams me vendeu uma interpretação absolutamente maravilhosa! Caí feito bobo nas garras da loira fatal, tal como Colin Clark, me apaixonei por tudo nela, até pelos seus defeitos de atuação (ela esquecia falas, tinha medo de ir para o cenário gravar). Esse filme, enquanto eu não assistir a um com a Monroe verdadeira, sempre me deixará com essa questão em mente: mérito da Michelle ou mérito da personalidade de Marilyn?

O ano de 2011 trouxe 3 grandes biografias às telas. A minha preferida é, sim, a de Edgar Hoover filmada pelo Clint Eastwood (um filme redondinho). "Sete Dias com Marilyn" fica em segundo lugar: não é um filme que vai mudar a vida de ninguém, não é um filme o qual você se lembrará pra sempre, mas é um gostoso passatempo que vale a pena assistir. Por fim, temos "A Dama de Ferro" que, tirando a atuação da Meryl Streep, deveria ser defenestrado da história do cinema. Não sei quem ganhará o Oscar logo mais, mas não acharia ruim se Michelle Williams levasse (embora eu ainda torça para a Viola Davis em "Histórias Cruzadas").

E, finalmente, fica a questão maior que é colocada sutilmente nesse filme: "Que homem não se apaixonaria por Marilyn Monroe?"

Alex Martire


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+ comentários + 2 comentários

27 de fevereiro de 2012 às 17:03

(blogspot pensa que é Oscar pra boicotar as pessoas... repostando).

"Alex, acabei de ver, a minutinhos de começar o Oscar; o filme terminou, e eu fui ter uma síncope de chorar no banheiro. Fiquei muito contente com a Michelle: eu esperava há muito esse filme, e ela já era minha torcida há uns 3 Oscares atrás (Brokeback, e Blue Valentine). E não vou chorar quando ela perder pra Viola hoje, mais uma injusticinha acadêmica.

Há anos atrás, eu não ligava pra Marilyn, achava uma bobagem, uma futilidade de pessoa, um horror a idolatria. Até que eu vi essa foto: http://retrogasm.tumblr.com/post/2917029343/marilyn-the-last-session-1962-by-bert-stern

Fiquei obcecada por Marilyn. Vou dizer que eu também não conheço a carreira cinematográfica dela, mas li um monte de coisa de bastidor, e minha fonte principal de informações sobre ela se tornou Truman Capote. A melancolia, a tristeza e o abandono dessa moça ficou perfeitamente retratado no filme, uma linda homenagem. E mais um filme sobre cinema, não sei o que não tá fazendo entre os indicados. Botaram aqueles cavalos malditos, e não essa lindeza.

Enfim, filme do coração. :)"

Ela perdeu pra Meryl. Menos mal, mas não menos triste. :)

28 de fevereiro de 2012 às 05:10

Que foto linda!

Ela me faz pensar que usaram uma dublê de corpo em algumas cenas com a Michelle Williams, eu acho... Não sabia que o Capote havia escrito algo sobre ela! Bom, se vc a conhece mais e diz que ficou bom, então o trabalho da Michelle foi fenomenal!

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