O Voo, 2012.


O Voo reúne dois caras de que gosto bastante: um deles é o ator Denzel Washington, de quem sou fã declarado. Adoro os filmes dele, até mesmo os ruins! Acho que já devo ter assistido a todos os filmes que ele fez, mas três deles me marcaram bastante, e são meus preferidos: Dia de Treinamento (2001), Chamas da Vingança (2004) e O Gângster (2007). Todos eles muito violentos, mas que exigem uma grande carga dramática de seu protagonista, e Denzel Washington é um baita ator, cumprindo, sempre, muito bem os seus papéis. O segundo cara que admiro é o Robert Zemeckis: o sujeito dirigiu coisas divertidíssimas como a trilogia De Volta para o Futuro (1985-1990), Uma Cilada para Roger Rabbit (1988 - sendo, até hoje, um dos meus filmes noir preferidos), Forrest Gump (1994) e também foi um dos desbravadores da captura de movimentos para uso cinematográfico, sendo o diretor de O Expresso Polar (2004) e A Lenda de Beowulf (2007). Ou seja, não é qualquer um! Tudo bem que, infelizmente, Zemeckis acabou falindo sua empresa de filmes animados recentemente, mas isso o fez retornar ao live-action. E, com isso, O Voo foi alçado.

Em um filme um pouco mais longo do que o convencional (2h20 min), é narrada a história do Capitão Whip Whitaker, um piloto de avião alcoólatra e drogado que acaba cumprindo seu dever numa certa manhã chuvosa. Sob o efeito das drogas e do álcool, Whitaker enfrenta uma forte chuva durante o voo que afeta o avião, tirando o controle de suas mãos. Evitando uma queda certeira, Whitaker consegue manobrar o avião e fazer um pouso forçado num campo, deixando apenas 6 mortos dentre 102 passageiros presentes. Um sobrevivente, um herói, Whitaker é aclamado pelo público e pela mídia ao mesmo tempo em que começa a ser investigado pela agência de aviação, que quer saber as causas do acidente. Para tornar a vida ainda mais "fácil", o piloto se envolve com Nicole (Kelly Reilly), uma garota viciada em drogas que tenta dar um novo rumo em sua vida. 

Não é à toa que Denzel Washington foi indicado ao prêmio de Melhor Ator no Globo de Ouro 2013, e tem tudo para também o ser no Oscar desse ano. Sua interpretação é fenomenal! Washington carrega o filme nas costas com uma competência única. O roteiro também o ajuda, e isso é ótimo. A figura do piloto Whip Whitaker é desastrosa... ele se separou da esposa e não vê o filho há anos por ter escolhido beber (como ele mesmo afirma). Você acaba torcendo por Whitaker, quer que ele largue a bebida e as drogas, que ele se livre dos vícios, mas não é a nossa opinião que conta aqui. Com um roteiro redondinho, a narrativa vai mostrando cada vez mais que Whitaker é o que é, e que isso não vai mudar (que o diga a parte final do filme, um pouco antes do julgamento!). Acho isso um grande mérito do filme: não fica numa coisa de "redenção", onde tudo tem um final feliz e tipicamente estadunidense: confesso que comecei a ficar assustado quando surgiram em cenas várias passagens essencialmente cristãs, tentando levar Whitaker para o caminho de Deus - eu pensei: "Pronto, agora ele se converte e fica livre das acusações, do interrogatório, de tudo, e vai viver feliz para sempre em alguma casinha do interior com cerca branca". Felizmente, o enredo nos engana e acaba sendo mais racional do que emotivo. Aqui todos pagam seus pecados, crendo em Deus ou não. Pilotar bêbado é um crime grave, e pedir desculpas não vai diminuir a dor das famílias (embora elas não apareçam no filme).

Terminando, devo salientar aqui os primeiros 25 minutos do filme. A cena do interior do avião - e do acidente como um todo - é de tirar o fôlego! Uma das coisas mais impressionantes que já vi (e que só me fazem relembrar porque odeio tanto voar). O restante do filme não é de ação, não tem tiros ou explosões, mas mesmo assim, prende a atenção até o seu final. Denzel Washington merece ser indicado aos prêmios máximos: fazer o papel que ele fez não é pra qualquer um. Não sei se ganhará, mas de uma coisa estou certo: essa dupla Washinton e Zemeckis é boa demais! Filmaço.

Alex Martire





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+ comentários + 2 comentários

8 de janeiro de 2013 às 15:26

meu caso de amor com Denzel começou com Malcom X, e acho que um dos meus prediletos dele é Hurricane; gosto muito d'O Gângster, e tenho amor por coisas como Dossiê Pelicano e Colecionador de Osssos (AMO!). mas sabe que eu quase deixei de amar o Dênzi por causa de Dia de Treinamento? ele está lindo e cheiroso como nunca nesse filme, mas eu achei tudo uóóó do boró, e nunca me conformo de ele ter o Oscar por esse filme, e não pelos meus dois prediletos! humpf.

mas enfim, fiquei mega curiosa pel'O Voo quando li algo sobre, e pela sua resenha, certeza que na maratoninha do Oscar do começo de ano, ele será dignamente baixado! eeeeee :)

8 de janeiro de 2013 às 15:59

hahaha Pô, Dia de Treinamento é um filmaço! Eu preciso rever Malcom X: só o assisti no cursinho, há mais de uma década, e lembro que foi um sofrimento (ver filmes longos em cadeiras de estudante deveria ser proibido).

Esse voo vale a pena! ;)

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