A Árvore do Amor, 2011.




"Eu não posso esperar por você por um ano e um mês.

Eu não posso esperar por você até você ter 25.
Mas eu tenho esperado por você minha vida inteira".


Nunca escondi de ninguém que morro de amores pelo cinema oriental vindo da trindade China, Coreia, Japão. É o meu preferido. Acho que gosto tanto porque em seus filmes eles não escondem nada: se for violento, terá uma violência absurda (mas não gratuita); se for de tristeza, ele fará com que você fique dias com aquela angústia no peito; e se for de amor... bem, temos o exemplo de "A árvore do amor". É um filme brilhante, sem cair em uma paixonite aguda que nutro pelos filmes do lado de lá. O diretor Yimou Zhang tem uma filmografia impecável, e não me recordo de não ter gostado de algum filme que ele fez, desde o "Sorgo vermelho" , passando por "Lanternas vermelhas", "Nenhum a menos" (filme irretocável sobre pedagogia), "Herói", até o que aguardo ansiosamente, "Flores da guerra" (candidato chinês ao Oscar 2012). 

"A árvore do amor" é um quadro em movimento. É um desfile embasbacante pela paisagem campestre da China no período da Revolução Cultural do Mao. A história de amor entre Sun e Jing se desenvolve nesse pano de fundo que impunha limites ao que hoje seria considerado normal: amar quem quisermos. É também um filme delicado como a pintura do espinheiro na bacia que verte água para os pés da moça Jing: tudo nele é repleto de gestos... gestos pequeninos e magistrais, belos e singulares ao mesmo tempo. E me sinto bem vendo um filme em que o diretor pensa como eu: valorizando esses gestos cotidianos: desse modo, temos a timidez do casal expressa por contatos rápidos - é o toque entre as mãos que acontece entre a falta de ar, é o abraço debaixo do casaco para se manterem quentes, é o beijo na bochecha de Jing, que a faz enrubescer de maneira apaixonante. E, principalmente, é o amor que dura o quanto for, não importando o tempo que temos de esperar (como a frase que citei acima).


Talvez o filme seja uma grande metáfora para o espinheiro da aldeia: o amor cresce se o adubarmos corretamente, ele irá florescer na primavera, mas ele também tem seus espinhos que o farão sangrar e chorar. E, depois de anos, sua memória ainda restará, mesmo que a construção de Três Gargantas possa ter inundado a paisagem (muitas gotas, certamente, oriundas das tristezas daqueles que outrora lá habitaram) para sempre.


Sinceramente, é um dos melhores romances/dramas que já vi: afirmo com certeza. Entra obrigatoriamente para a lista daqueles que gostam desse gênero. E, o que me encantou demais: Yimou Zhang compartilha do meu mesmo ponto de vista sobre "final feliz".


Resta, então, a frase de Sun dita para Jing:


"Você pode nunca ter se apaixonado antes, não acreditar em amor eterno. Quando você se apaixona, você sabe que tem alguém que preferiria morrer do que trair você".


E o que é o amor se não isso?

Alex Martire



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