Labirinto - A Magia do Tempo, 1986.


Existem filmes que marcam nossas vidas. Ainda mais quando são vistos na infância. "Labirinto" é um desses casos. Acho que, junto aos "Goonies" e "Cristal Encantado", é uma das obras de que mais me lembro dos personagens. Tem a menina, o Rei dos Duendes, o gnomo, o monstrão vermelho e a raposa que cavalga seu cão: seres que ficam na memória.

Filmes que marcam nossas vidas são um tanto perigosos. Se na infância eles são maravilhosos, pois são vistos através de olhos de crianças, quando revisitados em fase adulta eles tendem a se esmaecer um pouco. Praticamente todos os filmes que adorava quando criança "sofreram" com isso quando os revi depois de velho: já não possuem a mesma magia - ou talvez eu já não bata mais palmas desejando que fadas existam. Mas sempre há um resquício, um saborzinho que fica não importando quantos anos passem. Com "Labirinto" é assim: ele tem, para mim, um delicado sabor de tarde nublada com bolinhos de chuva e chá mate. Ele é adocicado e traz um certo conforto ao assistir. 

Mas, se por um lado a magia se perde um pouco, por outro, passo a respeitar ainda mais Jim Henson e sua capacidade gigantesca em dar vida aos bonecos. E quer saber? Gosto que sejam bonecos! Gosto de saber que são marionetes ou homens vestidos com roupas de borracha. Gosto de saber que tudo é falso. Acho que os filmes de 20,  30 anos atrás tinham esse charme: tudo era palpável. Hoje em dia praticamente não há mais esse tipo de animação: tudo é feito em computação gráfica. Tudo bem, os computadores trouxeram a perfeição de movimentos e a imaginação ilimitada, mas ver roupas de borrachas e bonecos ainda traz algo de positivo: as texturas. Por mais perfeitos que sejam os personagens digitais, os em carne e osso são bem mais "palpáveis", mais reais. Você sabe que eles estão ali contracenando. Há defeitos e limitações, claro, mas quem disse que cinema tem de ser perfeição?

Revisitei esse clássico em blu-ray agora. Muito bom assistir em alta definição! E é ainda melhor saber que não mexeram no filme: as imagens cristalinas são tão puras que é possível ver os vários cabos e fios de náilon que estão presos aos bonecos e cenário! E isso é ótimo! Não desmerece o filme, só faz com que minha admiração a esses batalhadores da era pré-computador aumente. Tudo agora ficou mais bonito, é verdade. O labirinto onde Sarah se perde, a Cidade dos Duendes e o Castelo dos Duendes (com uma incrível simulação das escadarias pintadas por Escher), são ainda mais bonitos e reais em blu-ray. Jennifer Connelly, ainda adolescente na época, já dava mostras de sua competência em atuar, sendo hoje em dia uma de minhas atrizes preferidas (além de ser uma das mulheres mais lindas do mundo com seus cabelos negros e olhos esverdeados).

Se rever filmes de infância tem um lado negativo (o de perderem a "graça"), ele traz um lado infinitamente melhor: o desejo de um dia poder assistir a esses filmes com os nossos filhos. Filmes de uma época em que tudo era mais "ingênuo", de uma época em que o gênero Fantasia ainda era levado a sério.

Alex Martire



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